Saber Envelhecer
Da bengala para a cova
Os últimos dias
terminais
1. Idade dos Limites
Quando na rua converso com idosos, ou
bato um papo legal com pessoas da terceira idade, ou troco idéias com
aposentados e pensionistas do INSS, sempre costumo apreciar a sua sabedoria de
vida e a sua grande experiência acumulada durante toda a sua trajetória de
existência, o seu respeito às pessoas e o seu equilíbrio mental e emocional, o
seu bom-senso das coisas e a riqueza de suas virtudes morais como a bondade e a
paciência, a sua fé em Deus e o seu otimismo ainda que cercados por problemas,
conflitos e dificuldades na rua ou na família, mesmo que impossibilitados por
seus limites naturais e humanos ou doenças que lhes sobrevêm ou cansaços
físicos e materiais, fadigas espirituais ou esgotamentos psicológicos,
resultado de uma realidade absorvida pelo trabalho duradouro onde as fronteiras
do tempo e as imposições de enfermidades ou o surpreendente encontro com a
morte parecem as marcas registradas de uma velhice bem vivida em que o convívio
com os seus produz estigmas inesquecíveis que fazem da saudade de quem parte
uma oportunidade para fazer da lembrança uma porta de vida e esperança para os
mais novos, desejosos de seguir o mesmo caminho dos mais velhos.
Esse o cardápio de uma boa velhice.
Onde a dignidade é a sua lei.
O Respeito a sua norma de vida.
O Equilíbrio a sua boa consciência e
a sua verdadeira liberdade.
O Bom-senso a sua estrada de
felicidade.
A Responsabilidade a garantia de uma
existência final mais segura e tranquila.
A sua fé em Alguém Superior é a sua
sustentabilidade cotidiana.
Os velhos, conscientes de seus
direitos e cumpridores de seus deveres e obrigações, são para nós exemplos de
vida e modelos de uma existência sensata onde identificamos a paz das virtudes
equilibradas, o otimismo do sorriso de bem com a vida e a alegria de um dia a
dia experimentado com a força de valores bem estabelecidos e a firmeza de
princípios bem consolidados. Daí os velhinhos serem bem orientados, e serem
bons orientadores das gerações mais jovens.
Esse o caminho de uma velhice feliz.
Nela, a paz reina e o impérío do bem
é o seu registro na história.
Todo velhinho é bom.
Graças a Deus.
2. Diante dos contrários
Nesse tempo de limites
onde a natureza impõe regras de conduta e maneiras de se comportar e
relacionar, o velho convive com sofrimentos de toda espécie, suas dores parecem
intermináveis, a possibilidade da morte o assusta e entristece, angustia e
deprime, a enfermidade chega avisando-lhe que precisa se cuidar, abrir o olho,
ficar esperto, ser malandro perante as adversidades, ter paciência com o perigo
que o rodeia e procurar sempre enfrentar com coragem o risco de viver que
passou a ser agora a vivência de então. Eis que está cansado de tudo e de
todos, só deseja dormir, esquecer os problemas, afastar-se da família e dos
amigos e conhecidos, tentar ignorar as doenças que surgem e fazer de suas
moléstias advindas um paliativo que o conscientize das fronteiras desse momento
terminal em que as dificuldades são tantas, os conflitos são muitos, as
contradições numerosas, as incertezas o incomodam, as dúvidas o instabilizam
causando-lhe confusão mental, distúrbios físicos, emocionais e psicológicos,
transtornos morais, sociais e espirituais, o que o deixa parcialmente
enfraquecido, esgotado na cabeça e cheio de fadigas na ordem do corpo e da
alma, da mente e do espírito. Frente a frente com esses contrários de sua
existência final deve buscar sempre o equilíbrio e a paciência, procurar ser
positivo e otimista, repousar bastante, se puder fazer alguma atividade
cotidianamente, conversar com os companheiros, admirar as mulheres, ocupar a
mente e sair da rotina, caminhar com assiduidade, crescer em harmonia com a
natureza e o universo, lembrar-se de Deus e fazer da oração o sentido da sua
vida, realizar coisas boas e encontrar-se com o bem que deve fazer, viver em
paz uns com os outros, ter tranquilidade em si e ser calmo nos relacionamentos,
usar o bom-senso em suas ações do dia a dia e fazer do juizo a lei de sua hora
terminal. Desta maneira, conviverá bem com seus opostos, se comprometerá com
uma velhice de qualidade, respeitará seus limites naturais, devendo agir em
função de um momento em que suas fraquezas o determinam e suas carências
definem seu estar-no-mundo, exigindo dele parceria com os seus, a companhia de
alguém que também o respeite e compreenda, tolere suas inconstâncias e ausência
de normas, ajudando-o a viver esses instantes decisivos de sua história
temporal. Assim, se preparará para uma eternidade feliz, mais além.
3. O Convívio com a adversidade
Em ambientes de família
onde repousam seus pensamentos finais, suas limitações físicas, psicológicas e
espirituais parecem mais vivas e reais, suas fronteiras com o tempo estão mais
acesas, obedecendo a um ritmo de ação em que sobressaem muitas vezes o Mal de
Parkinson ou a Doença de Alzheimer, o Diabetes e o Sedentarismo, Transtornos
Cardiovasculares, Distúrbios no cérebro e no coração, o terror do AVC(Acidente
Vascular Cerebral), Indefinições no metabolismo do açúcar e do colesterol, e
sua atitude quase sempre lenta perante os fatos do dia a dia quando não
consegue perceber muito bem a notícia sobre o acontecimento verificado, e suas
interpretações dos fenômenos da realidade estão sujeitas à confusão mental, à
falta de juizo em algumas atividades, à presença de comportamentos pessimistas
em relação à vida de cada momento e sua quase sempre negatividade junto aos
seus, os velhinhos se encontram sim abandonados à consciência de seus limites e
empreendem atitudes nesse sentido, enfatizando a convivência com doenças em
geral, sua expectativa acerca do mistério de sua idade avançada carregada de
sintomas de desequilíbrio emocional quando é claro o cidadão da Terceira Idade
padece de vazios psicológicos junto aos seus, não consegue agir com bom-senso
em algumas situações, e seu domínio da realidade se vê fraco, débil, enfermo,
sofrendo as consequências de seu encontro com a morte a qualquer instante, e
assumindo o peso de um cotidiano que não respeita e valoriza muito os mais
velhos, fruto de uma sociedade em crise de valores éticos bem consistentes e de
princípios morais, sociais e religiosos ainda não tão bem consolidados na
essência da temporalidade de uma idade em choque com suas gerações mais jovens,
em conflito consigo mesma, com dificuldades também financeiras ou com problemas
em sua interioridade exigindo das pessoas terminais uma postura de equilíbrio
em que deve harmonizar os defeitos dos outros com suas carências afetivas, a
imoralidade de alguns com suas posições tradicionais de visão de mundo e de
sociedade, como que se identificando uma realidade de controvérsias entre os
sujeitos dependentes dos os outros e sua ânsia por autonomia e independência
social, psicológica e ideológica. Nesse processo de alteridades existenciais,
de metamorfoses cotidianas e de transformações na sua maneira de pensar, sentir
e agir, se encontra a chave de compreensão dos antagonismos de uma velhice
praticamente sem fundamentos alguns quando seu único ponto de apoio e sua tábua
de salvação são os filhos e os netos, o que gera no idoso um certo estresse
biológico, aflição na mente, conflitos de consciência e instabilidade em sua
prática de vida cotidiana, sofrendo então os males da intolerância interpessoal
e do desrespeito intercambial, sem praticamente modificações no seu olhar sobre
o mundo visto que interpreta a realidade de um modo certamente hostil,
conflitante e desestabilizador, quando cai em briga com suas ausências junto às
pessoas do seu convívio humano, familiar e social. Como se observa, o idoso
parece se encontrar em um universo sem opções, em uma rua sem saída para seus
problemas de todas as horas e em uma via de existência que não lhe dá
alternativas de bondade, compreensão e amizade, concórdia e convergência. O
velho se acha só diante de um mundo de disputas críticas e dialéticas e mesmo
assim mergulha em um contexto que ele vê como salvação de sua vida perante
essas turbulências do cotidiano. A sua resposta é a tristeza e a angústia em
face de seus limites e a resignação psicológica em frente a um quadro negro de
circunstâncias contraditórias. Sim, o velho quer se libertar mas não consegue.
Então se entrega à vida que o leva para o que Deus quiser e as condições do
tempo e da história possam ser os determinantes de sua trajetória existencial final.
Seu desejo é sumir, sua realidade é a depressão e o seu instante é de dúvidas e
incertezas mesmo que se segure ainda em fundamentos acumulados com o tempo.
Deus é a sua única possibilidade de vida. Em seu íntimo, reza ao Senhor. E sua
fé o carrega nas costas para ele não cair na incongruência sem lógica de uma
existência sem dó e sem pena de suas criaturas. Só lhe resta o silêncio.
4. O importante é lutar
Então, em sua crise existencial e
perante expectativas e apreensões de sua natureza, o velho pensa e reflete:
“Podem os rios secarem, ou as rosas não mais soltarem seu perfume suave, ou os
passarinhos deixarem de cantar, ou os homens pararem de trabalhar, ou as
mulheres não mais amarem, namorarem e paquerarem, todavia não faltará o Fundamento
de todos os fundamentos, a causa das atividades humanas e naturais, o princípio
do amor e do sexo, a origem da natureza e do universo e sua criação de seres
vivos e animados.
Podem estar ausentes as nossas forças
de agir, ou as nossas motivações para trabalhar e estudar, ou as nossas
energias para rezar e conversar com Deus, ou o nosso entusiasmo para brincar e
dar um sorriso para as pessoas, ou os nossos ânimos não reagirem perante a
violência da Cidade e a crueldade dos campos, ou não termos mais incentivo para
viver e existir de uma maneira razoável, otimista e equilibrada, ainda assim as
raizes do ser continuarão a existir, as fontes do pensamento permanecerão de pé
e as bases de uma existência de qualidade e bom conteúdo serão ainda mais vivas
pois são sustentadas por Aquele que é o Senhor das almas e o Deus dos
espíritos, o Criador, o Autor da Vida.
Podem nossas lágrimas não mais
chorarem, ou nossa alegria não mais se manifestar, ou nosso bom-senso ser
incapaz de fazer o que sempre fez, ou o direito desaparecer de nossa realidade
cotidiana, e os indivíduos não mais se tolerarem e respeitarem, mesmo assim a
vida se eternizará nos bons princípios éticos e espirituais que cultivarmos em
nossa consciência e nos grandes valores morais e sociais condutores de nossa
liberdade, sustento de nossa felicidade aqui e agora, e mais além.
Podem as coisas da vida se fazerem
violentas, ou quase todos perderem a cabeça com os males da sociedade, ou os
distúrbios da mente afetarem nossas emoções, ou os transtornos da alma e as
turbulências do corpo contaminarem nossa boa vontade de ajudar uns aos outros,
ainda assim acreditarei em Deus, e continuarei lutando em defesa da vida e em
favor do amor, advogando em benefício da justiça e creditando minhas ações em
prol de uma realidade humana mais transparente, verdadeira e autêntica.
O importante é continuar lutando.
A Vitória pertence a
Deus”.
5. Em busca de uma resposta
A Crise da Terceira
Idade começa a se manifestar quando a vida do idoso passa a ser um constante
questionamento, percorrendo os seus momentos de lucidez até chegar à perda de
parcial consciência das coisas, saindo de interrogações sobre o seu passado e
presente junto à família até se chocar com a irracionalidade de situações em
que demonstra perda relativa da memória, inteligência frágil, insatisfação
sentimental, confusão de idéias, complicações na sua saúde biológica e
psicológica, conflitos com o seu meio social, isolamento e solidão, o que
reflete certamente a sua ânsia por segurança física e mental, emocional e
espiritual, seu desejo por uma existência de estabilidade e tranquilidade, a
sua procura por respostas que acalmem sua indisposição alimentar, seus
distúrbios da mente e seus transtornos do espírito. Nessas horas de
instabilidade emocional, ele busca a Deus, quer se segurar em Alguém que seja
sua tábua de salvação neste mundo real que o rejeita, ignora e exclui. Então,
se achega aos seus familiares que percebem sua transição de uma vida consciente
para uma realidade de inconsciência quando necessita de amparo, precisa do
aconchego familiar, quer abraçar se possível a todos que lhe garantam força
para caminhar e energia para sustentar sua realidade humana bastante
enfraquecida, limitada na natureza, debilitada pela doença, quase que perdida psicossocialmente,
parecendo-lhe indispensável uma companhia permanente que lhe dê carinho e
atenção, segurança e estabilidade, calma e tranquilidade, repouso para o corpo
e descanso para a alma. Ora, a presença dos amigos é importante, a ajuda dos
parentes indispensável, a colaboração de todos é fundamental. O Velho está
carente, só e precisa de alguém do seu lado. É a hora da verdadeira amizade.
Sofrendo, vê que não pode ficar sozinho. Precisa de companhia.
6. O Fator Presencial
Ter alguém do seu lado,
fazendo-lhe companhia, ajudando-o a fazer suas atividades diárias e noturnas,
colaborando com seus afazeres domésticos ou dialogando com ele em suas horas de
descanso e solidão, batendo um papo bem gostoso com quem fez da vida a sua
sabedoria de existência, a sua escola de aprendizagem em termos de conhecimento
e sentimento, o seu caminho de experiências agradáveis mas também tristes e
angustiantes, a sua estrada carregada dos vazios do espírito e da plenitude de
uma realidade humana bem vivida junto aos seus. O Velho na verdade certas horas
deprimido ou depressivo não quer apenas pessoas perto dele todavia quando
possível realizar ações que promovam sua auto-estima elevada, aumentem o seu
astral diante de ambientes diversos e adversos, diferentes e contrários,
exigindo dele equilíbrio de consciência e bom-senso ao encarar situações
instáveis e incômodas muitas vezes, boa atitude de malandragem perante um mundo
de contradições generalizadas onde os mais velhos sobram dentro da sociedade,
são excluidos de seus contextos de esporte e lazer, jogos e entretenimento,
ignorados quase sempre porque não têm a mesma energia de antes e não podem
suportar tempos excessivos de atividade, ou ainda rejeitados até por amigos e
familiares e parentes, os quais parecem não querer perder tempo com quem é
inútil a seus olhos, desprezível para a sociedade que pensa em status quo acima
da média ou que recusa sua participação e envolvimento em assuntos onde reinam
a velocidade moderna, a rapidez dos trabalhos executados e a aceleração de
gerações mais jovens interessadas em viver a vida sem necessitar se perturbar
ou incomodar com a presença de pessoas da terceira idade. Entretanto, os velhos
gostam de ser amados, respeitados e valorizados como todo e qualquer cidadão ou
cidadã desta sociedade cheia de preconceitos e de não inclusões humanas e
culturais. Nesse processo de inclusão aceito por alguns e de exclusão abraçado
por outros, o idoso sofre, se vê solitário, precisando de ajuda, necessitado de
alguém do seu lado que dialogue com ele, interaja com seus pensamentos e
compartilhe de suas idéias, sentimentos e atitudes variadas, outras vezes
controversas, porém que têm algo de rico e profundo para apresentar às pessoas
de seu entorno, cooperando com sua obtenção de qualidade de vida e excelência
de experiências ótimas de trabalho e vida que só os cidadãos e cidadãs
aposentados e pensionistas do INSS podem nos oferecer de imediato. Os velhos
apesar de seus limites naturais ou de suas enfermidades incômodas querem
participar do debate acerca dos problemas da sociedade, dar a sua opinião em
questões políticas e partidárias, apresentar soluções e dar a melhor resposta
que pode caber nesse momento, manifestar seu ponto de vista pessoal sobre os
fenômenos da realidade cotidiana certos que podem outrossim colaborar para um
mundo melhor e para uma humanidade mais feliz do que é hoje. Os velhos
conscientes ou não querem participar. Interessa-lhes comungar com a melhoria de
qualidade de vida das pessoas que se encontram do seu lado e em torno de seus
espaços terminais e de seus tempos onde o limite é a sua lei.
7. Quando chega a
depressão
Ao constatar que suas
seguranças estão abaladas, um quadro vermelho de instabilidades sociais e
familiares, psicológicas e emocionais, mentais e espirituais, invade sua vida
de limitações plurais, ou então a irritação o persegue, fica nervoso
constantemente, perde a cabeça muitas horas, briga com seus familiares, a ira
sobe as escadarias de uma existência agora confusa e perturbada, a raiva de
todos parece ser seu único caminho de ação, a cólera mergulha em seu corpo e
sua alma, discute sem querer, solta palavrões um atrás do outro, o conflito se
acostumou a ser sua trajetória de realidade mais autêntica, vive um dia a dia
de problemas e dificuldades, desde então, o velho cai no fundo do poço do
espírito, entra no abismo de um ambiente hostil e de contradições permanentes,
deseja só ficar deitado e dormir eternamente, não possui forças para se
levantar, não tem ânimo para reagir, passa a conviver com a depressão patológica,
responsável por sua vida de altos e baixos, de quedas e subidas, de créditos e
débitos, de ascensão e buraco mais fundo, o que lhe deixa triste e angustiado,
sem energias para dar a volta por cima, carente de amor e isolado de todos,
pois seus limites subiram a sua cabeça confusa e as fronteiras do tempo parecem
lhe dizer que a morte ronda seus espaços de existência final. Anseia por
morrer. Não quer mais saber de nada. Está cansado da vida e esgotado
mentalmente. A Fadiga o deixa caido, e inicia o esquecimento de si mesmo e dos
outros, já que sua memória está fraca e sua inteligência não funciona mais como
deveria. Só quer dormir. Perde toda iniciativa. Não vê motivação para viver e
existir. Parece vegetar. A Inconsciência o visita diariamente. Luta pela razão,
ainda quer a lucidez, mas seus limites parecem mais fortes, a doença toma conta
de sua natureza e a enfermidade o deixa no chão, caido na rua de casa, ou
perdido em uma consciência que não mais faz a diferença entre as coisas. Quer a
morte. Eis a sua íúnica estrada opcional nesses instantes de fronteiras
indefinidas e de contornos indeterminados. Está à margem do último suspiro. A
respiração fica frágil e só tem um anseio: a morte.
8. O Caos em pessoa
A partir do 60, 70 e 80
anos quando o idoso já aposentado, permanecendo ou não no mercado de trabalho,
ou desenvolvendo atividades como estudos de informática, trabalhos na internet,
participação em eventos esportivos, artísticos e musicais, ou vendo televisão
em casa ou ouvindo rádio em seu apartamento, ou assumindo amores e romantismos
com companheiras de sua idade, convivendo com as gerações mais novas em shows e
espetáculos de dança, lazer e entretenimento, ele observa que, apesar de todas
essas ações e atitudes, onde descansa ou não, ele constata, entende e reconhece
que sua vida de cada dia, noite e madrugada virou um caos, as coisas não
funcionam mais como antes, as ocupações desapareceram, os amigos se
distanciaram, a família já começa a olhá-lo com outros olhos, os parentes o
excluem de seu cotidiano na rua ou em seu lar, os conhecidos nem se lembram
mais dele, e sua memória agora, fraca e debilitada, doente e frágil, parece não
mais recordar a riqueza de suas experiências e a beleza do seu passado, a sábia
prática de vida em que o saber das idéias e o poder de suas ações interferiam
na vida das pessoas ou interviam para ajudar a resolver problemas da sociedade,
solucionar dificuldades em sua existência pessoal e de grupo, social ou
financeira, ou ainda bem administrar conflitos de uma cidade agressiva,
violenta entre si, que faz da cultura da morte e de uma mentalidade do mal o
sentido de seus ambientes hostis e a razão de seus contextos contraditórios
onde reinam o desequilíbrio mental e emocional, a irracionalidade das
consciências e a insensatez de quem não gosta da vida e vive a perseguir,
incomodar e admoestar quem faz de sua realidade viva uma oportunidade para
namorar e paquerar, trabalhar e articular atitudes em prol do progresso de suas
comunidades fazendo evoluir suas inteligências na construção de boa saúde e
bem-estar para todos e cada um. Diante desse caos interior de consequências
externas, ele quase sempre perde a cabeça, adquire enfermidades terminais, seu
colestoral negativo aumenta e o diabetes o faz um cidadão cansado, deprimido e
problemático, tornando-se então um obstáculo para todos e uma barreira
inquietante para os seus. Nessas horas depressivas, pensa na morte, enfrenta os
desafios de uma velhice incontrolável, sofre com os preconceitos de seus
familiares, vive a rejeição de quem deveria compreendê-lo e ajudá-lo a superar
essa crise final de uma terceira idade de transtornos de todo tipo e cujo
modelo de distúrbios agora frequentes estão a derrubá-lo frequentemente ao
ponto de ao se deitar na cama, querer dormir para sempre, não mais desejar
acordar. Caótico, o velho se esgota, cansa de viver e a fadiga é a sua única
norma de vida cotidiana. Uma realidade crítica e dialética que só quem a
experimenta sabe de seus infortúnios, aflições e desesperos, tristezas e
angústias em jogo. O Velho quer morrer. Não atrapalhar mais a vida de ninguém.
Não ser mais incômodo para as pessoas. Então precisa de orientação psicológica
e espiritual para não afundar no fundo do poço. Que Deus o ajude. A Fé é
importante nesses instantes derradeiros.
9. Em nome da Memória
A Lembrança do passado
também é uma forma de viver a vida quando o cidadão ou cidadã da terceira idade
recorda suas experiências positivas e negativas em sua trajetória cotidiana ao
longo do tempo desde o nascimento até esses dias atuais ou suas práticas de
cada dia, noite e madrugada otimistas e pessimistas refletindo tudo isso junto
aos seus, contando-lhes histórias antigas, vivências interessantes e
importantes maneiras com que soube encarar a vida diária convivendo com
opostos, fazendo o bem e o mal, cultivando saberes, sentimentos e emoções ou
agindo com violência em circunstâncias em que era necessária a agressividade,
como ainda os momentos agradáveis e desagradáveis no trabalho e em casa, na
paquera com as mulheres ou na construção de amizades sinceras ou de amigos que
se foram e não voltam mais. É a hora da saudade. Saudade dos velhos tempos de
criança e adolescência, dos namoros quentes e apaixonados da juventude e de uma
maturidade cujo ápice é esses instantes de reflexão e compartilhamento com
amigos, parentes e familiares. Hoje, ele vê a saúde indo embora, desaparecer os
seus conhecidos, o amor não existe mais, e sexo é coisa que aposentado jamais
viverá pois em condições terminais só lhe resta o silêncio dos justos, ou a sobriedade
das pessoas direitas ou a transparência de quem viveu a vida com autenticidade,
interagindo com todos, buscando o bem e realizando coisas boas com tudo e com
todos. Tal recordação lhe faz bem, é um modo de passar o tempo saboreando
virtudes elevadas e conteúdos de conhecimento de qualidade como garantia de bom
exemplo para os mais jovens, oferecendo-lhes sua tradição de bons hábitos e
costumes excelentes, riqueza de vida espiritual feita com profundidade,
sinceridade e honestidade. “Olha, o velho tá indo embora. A gente se reencontra
na eternidade”.
10. Problemas
generalizados
Chegado esse tempo
terminal o velho parece cabisbaixo porque ninguém liga para ele ou lhe dá
atenção, a família o ignora e é desprezado por quase todos que se achegam a
ele, ridicularizado muitas vezes diante dos filhos e netos, sofrendo o peso da
idade e um mundo de dúvidas e incertezas que inquietam e desestabilizam seu
coração cansado, sua mente esgotada e seu espírito fadigado, quando um
complexto de transtornos invadem seu corpo e sua alma, distúrbios aumentam e se
avolumam afligindo sua realidade interior, tirando-lhe o sossego e causando-lhe
insatisfação emocional, fraqueza psicológica e carência afetiva e social, o que
o faz se isolar do seu meio e mergulhar em um estado profundo de solidão e
depressão tornando seu contexto de saúde abalado, desanimado e problemático. E
eis que então apela aos deuses, se segura em tábuas de salvação, se agarra em
mitos, ídolos e personagens da história a fim de que possam garantir-lhe a segurança
pessoal, tranquilizar a sua alma e estabilizar a sua consciência cercada de um
ambiente de hostilidades e contrariedades, desanimando-o perante o cotidiano,
tornando-o um amigo da cama onde se atira diariamente em um sono fundo capaz de
derrubá-lo se ele vacilar com seu instante de instabilidade física. Ora, nesses
momentos de abismo espiritual, o idoso talvez se veja afundando no poço da
existência, pois se encontra sozinho e sem quem lhe faça companhia ou lhe dê a
cortesia constante de um abraço apertado e um beijo motivador. Sente a falta de
alguém. Precisa de uma presença ao seu lado. Ocorre que nessa hora ele se
segura na mão de Deus, sua única resposta para seus questionamentos
permanentes, sua única solução para seus problemas, sua única saída de frente
para tantas interrogações do dia a dia. Só sua fé em Alguém Superior torna sua
realidade viva capaz de prosseguir na estrada e se entusiasmar novamente por um
caminho de existência de qualidade de conteúdo material e espiritual. Pensando
assim, dorme tranquilo, já que Deus é sua segurança, tranquilidade e
estabilidade. Tal clima de situações finais faz-lhe um ser pacífico, calmo em
sua alma e em repouso no corpo e no espírito. O Velho dorme em paz.
11. Problemas e
Soluções
No dia a dia da família,
junto a parentes, amigos e conhecidos, o cidadão ou cidadã da terceira idade
sente o tempo passar, a vida mudar, o mundo se transformar, a sociedade
voltar-se para coisas antigas ao mesmo tempo que avança à procura da
modernidade, sustentando uma convivência social muitas vezes marcada pela
violência e a maldade das pessoas ainda que a solidariedade impere quase sempre
como alternativa de uma ordem feliz dentro do convívio humano. Olhando tudo
isso, o velho vê os problemas a sua volta e busca respostas para tantas
perguntas e soluções para inúmeras dificuldades, conflitos internos e
contradições no meio em que vive com seus familiares. Doenças da terceira idade
como o Mal de Parkinson, o Diabetes, o Colesterol Alto, a Doença de Alzheimer,
o Tabagismo exacerbado, o Alcoolismo exagerado, Doenças Coronárias, Cânceres em
geral, a Hipertensão Arterial, a Obesidade, o Sedentarismo, o AVC(Acidente
Vascular Cerebral) são incômodos e inquietações que devem ser superados com um
pouco de paciência, otimismo de vida, sorriso no rosto, alegria de viver,
equilíbrio mental e emocional, bom-senso das coisas, fuga da rotina, um sono
tranquilo, exercícios físicos como corrida e caminhada e ginástica, alimentação
regular, saudável e sensata, lazer e entretenimento, ocupação da mente com
trabalhos possíveis de fazer, orações a Deus, boas obras, o cultivo de uma vida
fraterna e solidária, o respeito às pessoas, a atitude responsável perante os
fatos, ações de justiça, ótimos conselhos para a juventude, enfim, toda uma
série de resoluções fundamentais para a ultrapassagem de transtornos da
consciência e distúrbios da experiência, assumindo então uma vivência de
qualidade e de riqueza de conteúdo cultural, psicológico e espiritual, o que
torna sua realidade problemática um pouco mais sustentável quando o bem que faz
e a paz e a tranquilidade com que leva o seu cotidiano podem torná-lo uma
pessoa agradável mesmo que alguns o considerem um chato e rabujento, nojento e
mal educado. O que importa é que o idoso viva bem em si a sua vida, tenha a sua
auto-estima elevada, esteja de bom astral, animado e entusiasta, motivando seu
ambiente e incentivando seu contexto de existência diária e noturna a ser mais
bonito de encarar, mais alegre e positivo, vivido com qualidade sustentável.
Então, o velho se vê bem. Parece que algo melhorou com essa outra, nova e
diferente visão da realidade. Mais calmo, segue o seu caminho.
12. O Instante Final
Nos últimos momentos
terminais quando a doença já está complicada e generalizada, os problemas de
saúde se multiplicam, a família não sabe mais o que fazer, os amigos e
conhecidos se distanciam, então surge a hora da internação, e o hospital de
emergência recebe o idoso e o leva logo para a UTI tendo em vista seu quadro
imunológico estar alterado e enfraquecido, sua aparência é débil, e necessita
imediatamente de soro fisiológico, remédios e injeções que ajudem a modificar
para melhor aquela situação de dificuldades numerosas e contrariedades
inquietantes. Ora, a tensão é grande e a pressão familiar questiona as mais
avançadas tecnologias da medicina moderna ansiosa que está por ver um final
positivo para esse cidadão ou cidadã cansado da vida, esgotado mentalmente e
fadigado no corpo e na alma, no limite da existência temporal, uma história que
tem a marca registrada da depressão patológica e distúrbios da consciência e
problemas de razão e coração, transtornos no comportamento, no caráter instável
e na personalidade trabalhada praticamente com a irracionalidade de uma
inteligência sujeita às fronteiras doentias do tempo e submetida aos caprichos
maléficos de um ambiente social muito preconceituoso com as pessoas da terceira
idade. Internado, o velho vive seus dias terminais. A Morte está por perto
querendo arrebatá-lo para junto de Deus a fim de que ele repouse para sempre de
suas fadigas e trabalhos, empenhos e esforços por um mundo melhor, de suas
atividades agora evaporadas, todavia que trazem a sabedoria da experiência de
quem fez da vida um louvor a Deus, um caminho de bondade e compreensão,
tolerância e paciência, concórdia e convergência. Então, a hora final. O Fim de
uma realidade pessoal sujeita às condições da história mas que a partir de
agora se joga e se abre aos braços do Criador, Autor da Vida, para que Ele
abençôe esse sujeito de idade avançada, refém de enfermidades diversas,
limitado na natureza e incluido entre aqueles que fazem do seu fim temporal a
porta da liberdade, rumo à felicidade completa no paraiso da eternidade. Sim,
são os minutos derradeiros de alguém que deu valor à vida e respeitou a ordem
da natureza, foi disciplinado na sociedade e se organizou e se preparou para
que esses últimos segundos de sua vida não o surpreendessem, e chegassem com a
Carta do Céu dizendo-lhe o Senhor nosso Deus:”Seja bem-vindo à Casa de Deus. A
Felicidade eterna o espera. Viva desde agora de bem com a vida e em paz com a
sua consciência. Seus amigos e parentes querem festejar a sua presença entre
nós.”
13. O Equilíbrio Vital
O ideal é que o idoso
chegue aos 70, 80 anos com relativo equilíbrio e juizo de consciência.
Entretanto, a realidade muitas vezes não é essa, visto que inúmeros casos de
velhice apresentam tendências do desequilíbrio e insensatez, quando a
irracionalidade supera a inteligência e a imaginação patológica substitui a
mente sensata, o que caracteriza, como hoje sabemos, um dos fenômenos do Mal de
Alzhieimer, onde a dificuldade de memória leva a pessoa da terceira idade a um
certo estado vegetativo quando a sua consciência das coisas e o bom-senso da
realidade sofrem abalos culminando com a perda quase total da racionalidade
humana. Então, junto a essa desmemorização, ocorrem moléstias diversas e
enfermidades variadas, o diabetes se eleva e o colesterol sobe, a hipertensão
arterial assusta, e doenças diferentes começam a se manifestar no corpo do
velho, ora carregado de problemas psicossociais, dificuldades financeiras e
conflitos com a família, parentes e amigos. Falta-lhe o equilíbrio necessário.
A Sensatez de quem está de bem com a vida e em paz com sua consciência.
Problemático, o cidadão ou cidadã aposentado ou pensionista do INSS altera sua
rotina diária, dorme excessivamente, a depressão bate a sua porta e males
complicados parecem atingir suas funções orgânicas, a sua atividade celular e
sanguínea, e seus órgãos e aparelhos do corpo se sentem debilitados por causa
do baixo astral e da fraca auto-estima que ocupa a vida terminal dessa pessoa
idosa. Ora, o velho talvez esteja perdendo o juizo. E se arrasta para tentar
viver seus momentos finais. Sua bengala é a sua companheira fiel e a cova mais
a frente a sua parceira de despedida desse mundo que não gosta dos velhos.
14. A Fé nos garante e
segura
É admirável observar no
idoso o que sua fé em Deus é capaz de realizar de positivo em sua vida de cada
dia e de toda noite quando perante as adversidades e os contrários de sua
existência cotidiana ele supera os obstáculos construidos por seus limites
naturais e transcende as barreiras promovidas por suas fronteiras racionais e
sentimentais, ultrapassando então o risco de doenças quase incuráveis, o perigo
do diabetes e do colesterol alto, a turbulência gerada pelos conflitos com
parentes, amigos e familiares, os transtornos mentais provocados pelos
acontecimentos diários e os distúrbios de consciência determinados por suas
crises morais e sociais, suas instabilidades ideológicas e psicológicas, suas
inconstâncias no dormir, trabalhar e deitar novamente, e suas indefinições em
suas práticas e atividades de lazer e entretenimento como jogar cartas de
baralho, disputar xadrez com os colegas ou fazer uma partida de dominó para
sair da rotina e enfrentar o dia a dia com mais alegria e cabeça no lugar,
otimismo e um sorriso para as pessoas. Então, o velho costuma se aborrecer por
causa de suas limitações físicas e mentais, se choca com os pontos de vista diferentes
e contraditórios que lhe aparecem de vez em quando, e briga, e solta palavrões
e xinga a mãe do outro como que querendo afastar de si na base do grito todas
as suas depressões patológicas ou não, todos os seus traumas psicossociais e
todas as frustrações que lhe perseguem momentaneamente uma vez ou outra. Assim,
se segura em sua fé transcendente e se garante abraçando a mão de Deus, que o
tranquiliza diante dos aborrecimentos, o acalma no corpo e na alma, o faz
descansar com o sono dos justos e lhe dá o repouso vitorioso de quem fez da
vida um louvor ao seu Senhor. Eis que o cidadão ou cidadã da terceira idade
dorme em paz. A Paz que só Deus pode nos dar. Ele, a nossa Tábua de Salvação
nas horas do aperto, nos instantes de risco e nos momentos de perigo. O Velho
deste modo dorme sorrindo. E diz: ”Deus é bom. Estou em paz”.
15. Uma Velhice de
qualidade
Que bom seria se os
idosos tivessem uma terceira idade rica em conteúdo existencial, de qualidade
de vida onde a sabedoria da experiência ditasse as regras do jogo de sua idade
avançada, todavia os limites da natureza e as fronteiras psicológicas, as
doenças que chegam e os transtornos mentais e os distúrbios físicos e
biológicos que se fortalecem com a diabetes exagerada e o colesterol alto, a
gravidade da hipertensão arterial e os perigos e os riscos da obesidade
patológica, transformam sua prática de vida alienante e alienada da realidade
excelente que deveria ser o seu comportamento social e familiar junto a
parentes, amigos e conhecidos. Então na verdade se entrega à sua debilidade
orgânica e fisiológica, moral e espiritual, e começa a agir como um “morto” que
não quer nada com a vida, ignora os seus, se esquece da rua e de lá de fora de
casa, e mergulha pois na depressão doentia, ao mesmo tempo que sonha com uma
experiência de vida de qualidade embora o cotidiano lhe mostre o contrário, e
sua estrutura corporal não consiga suportar as turbulências e violências de uma
sociedade que não liga muito para eles e elas, aposentados e pensionistas do
INSS. Ora, rejeitam o dia a dia, e vão dormir o sono dos justos, acreditando
que Deus lhes é favorável, por isso ainda conseguem se levantar de suas quedas
e continuar a vida de todos os dias, noites e madrugadas aparentemente pesados,
contudo sabem que Deus os ama, respeita e valoriza por serem suas criaturas.
Deus gosta dos idosos e idosas.
16. Quando manda a
experiência...
Depois de uma vida de
trabalho, desejos realizados e necessidades satisfeitas, de sonhos buscados e
vivências consumadas, o idoso reconhece que sua experiência longa de atividades
cumpridas e de compromissos e responsabilidades praticadas, o ajuda a viver bem
a sua velhice, fazendo da sabedoria da experiência a chave da boa convivência
com a família e o segredo da conquista de mais amigos na rua ou em casa. O fato
é que sua larga jornada de tempo e serviço acumulou em si atitudes
equilibradas, pensamentos sensatos, ações de juizo e comportamentos de
bom-senso, que tornam seu dia a dia mais carregado de sábias execuções de
tarefas quando é claro seus limites o permitem, sua natureza torna isso
possível e suas definições de valores e princípios possibilitam um tempo final
talvez mais interessante do que toda a caminhada até aqui e agora, pois esse é
seu presente e então passa a vivê-lo com mais intensidade, dando importância a
cada momento experimentado e a todo instante vivido. Com seus familiares,
reparte suas tradições e repertório cultural, sua mentalidade cheia de boas
conquistas e grandes realizações, uma mente rica em conteúdos culturais e cuja
qualidade de vida ressalta seus empreendimentos conseguidos, suas respostas
positivas a assuntos do cotidiano, seu otimismo perante os problemas, conflitos
e dificuldades, sua alegria diante da tristeza a sua volta, quando é óbvio sua
visão da realidade é positiva e seu ponto de vista abrace interpretações
otimistas da história, tornando então seu tempo pleno de dignidade humana, onde
seus direitos são respeitados e seus deveres e obrigações satisfeitos com
coragem e determinação. Nessa idade dos mais velhos, a bengala o acompanha e a
cova do cemitério é uma realidade que ele vê mais adiante, sem lutar contra o
destino e favorecendo com resignação e paciência o que a vida lhe dá e lhe faz,
sua realidade às vezes trágica, tenebrosa e dolorosa, todavia também inchada de
boas coisas que só Deus pode lhe dar e apresentar, nesse tempo final que se
chama a Idade do Fim. Sabe, porém, por sua fé que a vida continua e suas
vivências e experiências boas ou más permanecem por toda a eternidade. Agora,
espera em Deus, e quando a tranquilidade o permite, beija a vida com alegria
mesmo que a tristeza, a solidão e a depressão ora continuem a bater
frequentemente em sua porta de entrada e de saída. Graças a sua fé, se mantém
em Deus e assim pode ter uma finalidade tranquila e uma morte repousante. Durma
em paz, meu bom velhinho.
17. Uma Jornada de
grandes realizações
A Vida ensinou para o
bom velhinho que as vivências nos ajudam a bem viver o nosso cotidiano e as
experiências acumuladas com o tempo são agora e aqui, nessa sua hora de
conflitos internos, de dificuldades físicas e materiais e de problemas
generalizados como afetando sua saúde psicológica e espiritual, um conforto
para a alma e uma tranquilidade para o corpo, pois então pode ajeitar melhor
sua realidade mental, compreender seus limites naturais e conviver bem com suas
enfermidades específicas, trocando assim valores e princípios com outros,
orientando-os no bom caminho das virtudes, da ética de qualidade e da
espiritualidade natural onde sua fé em Deus aparece para sustentar sua velhice,
garantir seus últimos instantes e fundamentar seu comportamento agora alterado
pelas doenças, abalado pela realidade contraditória do cotidiano e bastante
influenciado pelo conflito com as novas gerações, que questionam suas tradições
culturais, sociais e familiares, o interrogam sobre sua mentalidade
aparentemente ultrapassada e desatualizada, fazendo-lhe perguntas em cima de
perguntas como a querer desestabilizá-lo existencialmente, visto que ele ainda
vive um passado que para ele foi mais rico que o presente e de mais qualidade
de conteúdo cultural, existencial e espiritual. Deseja pois ensinar aos mais
novos, porém sofre com suas indagações questionadoras, preferindo então o
silêncio que acalma, a neutralidade que o faz repousar e a indiferença que o
tranquiliza apesar de uma realidade em seu entorno que exige dele participação
social, compromisso coletivo e responsabilidade interpessoal. Todavia, escolhe
a solidão de quem não quer atrapalhar, a depressão que o isola dos outros ou a
atitude de quem não aspira por incomodar quem se acha na moda ou na era atual
do descartável, das ações provisórias e das atitudes transitórias. Agora, tudo
é rápido, a vida é veloz, e ele tem que se retirar dessa aceleração cotidiana,
o que o faz excluido e ignorado por muitos que vivem essa “nova era”. Apesar
disso, sabe de suas conquistas na vida, de suas realizações nessa gigantesca
jornada do tempo e de suas satisfações com as mulheres que paquerou, da família
que produziu e do trabalho que desempenhou e desenvolveu nessa larga e longa
trajetória de vida cotidiana. Agora, repousa satisfeito ou não com suas
atividades passadas e presentes. Contudo, sua fé o sustenta. A Experiência de
vida o conduz. Sua maturidade o segura. E seu fundamento ora é uma vida
tranquila e feliz junto aos seus. Apesar dos contrários. Que Deus pois ajude os
mais velhos.
18. Dependência
Talvez seja a maior
tristeza de um velho admitir e reconhecer que não pode mais fazer as coisas nem
ir à rua ver os amigos e conversar com colegas de outrora, o que então o faz
doente e cair na depressão pois torna-se uma pessoa dependente dos outros, um
necessitado de ajuda alheia, precisando da família e dos amigos, e até de estranhos,
para realizar seus desejos, conseguir suas tarefas quando não se entrega de vez
ao sono rotineiro de todos os dias, noites e madrugadas, transformando-se em um
peso para os demais, aliás é o que muitos acham. Quem sabe seja essa a sua maior
angústia no final da vida, o tornar-se dependente dos seus, viver preso ao
trabalho de outras pessoas, que muitas vezes não compreendem os seus limites
naturais e as suas fronteiras mentais e psicológicas. Agora, o idoso resignado
se joga nos braços alheios para o ajudarem a viver seus últimos dias,
dependendo de seus esforços para praticar o que lhe agrada e satisfazer suas necessidades
mais urgentes e realizar suas aspirações mais imediatas. E o cidadão ou cidadã da
terceira idade sofre, padece com suas limitações naturais e biológicas,
enfraquecido pelas doenças de última hora, debilitado pela incompreensão dos
outros, que não entendem seus problemas, conflitos internos e dificuldades de existência.
Então o bom velhinho reza porque sabe que Deus e sua fé o seguram e o
tranquilizam e são sua únicasaída, seu caminho de salvação e libertação,
perante uma natureza frágil, um corpo inquieto e cujas funções orgânicas quase
que não funcionam mais. Padecendo uma série de enfermidades de todo tipo cai em
depressão, pressionado interiormente e por quase todos os que o rodeiam. O
sofrimento ora é seu parceiro de cama e companheiro de caminhada.
19. Primeiro, a minha
tranquilidade
Depois de um tempo,
cansado da vida e esgotado com este mundo de preocupações turbulentas e de
contradições violentas, o idoso começa a jogar tudo para o alto, a ignorar o
seu cotidiano que só lhe traz problemas, conflitos e dificuldades, a evitar
seus parentes, amigos e familiares, a esquecer suas atividades do dia a dia, e
toda sorte de contrariedades que acontecem quando em contato com a rua ou a
família, preferindo então a sua tranquilidade interna e paz interior, descansar
quase o dia todo, dormir sempre que possível, parecendo deprimido e triste com
tantos transtornos a sua volta e inúmeros distúrbios e adversidades em seu
entorno. Por isso, a partir de agora, escolhe o seu repouso espiritual e
psicológico, levar desde então uma vida calma sem muitas ocupações,
entregando-se a boa vida e ao vazio de uma experiência de aposentado ou
pensionista do INSS, sem trabalho e emprego, pois agora quer “curtir” suas férias
prolongadas de última hora, seus instantes finais com a sabedoria de sua
vivência bem comportada de onde busca construir uma realidade de boas virtudes
e ótima consciência, ora responsáveis por sua aparente tranquilidade, segurança
de vida e estabilidade cotidiana, firme que está em sua fé em Deus e forte na
continuidade de uma vida geradora de bons conselhos para os mais novos e
grandes ações a favor de seus colegas da mesma idade terminal. Assim, em nome
de sua segurança, tranquilidade e estabilidade, como disse, o velho abandona
tudo e a todos, e passa a viver de maneira resignada e confortada suas práticas
de vida de último instante. Então, pega a sua bengala, dá uma volta pela casa,
dá um beijo na mulher e um abraço nos filhos e netos, e volta para o silêncio
tranquilizante de seu quarto e cama onde repousa seu corpo cansado e sua alma
fadigada e seu espírito esgotado. É hora de descansar.
20. Um clima de tensões
constantes
A Experiência da
terceira idade nos revela que muitas vezes o idoso ou a velhinha, o aposentado
ou a pensionista do INSS, vive seus momentos derradeiros, instantes últimos e
circunstâncias finais em clima de risco de vida ou sob o perigo de acidentes
dentro e fora de casa, preocupações com a hora da morte e a insistência de
doenças cardiovasculares, problemas de diabetes e colesterol intenso, o
sedentarismo constante e a falta de exercícios físicos ou caminhadas, a ameaça
do álcool ou da cerveja e do cigarro quem sabe, o Mal de Parkinson ou o
Alzheimer, e outras enfermidades que surgem a cada situação vivida onde os
conflitos com a família são quase eternos, as dificuldades de andar e o medo de
cair e levar tombos parece deixá-lo inquieto e ansioso, aflito e desesperado,
diante de alguma moléstia que possa lhe acontecer, ou seja, um complexo de
problemas e turbulências tornam a vida do idoso um “estado de alerta” pois
ameaçado parece pela violência das coisas e dos fatos do cotidiano, experimenta
um ambiente de contradições a sua volta, que o faz alguns momentos silenciar,
se entregar ao sono e dormir, tentando fugir desse esquema de contrariedades
que o afligem e perturbam, o molestam e incomodam, e atrapalham o seu dia a dia
já em crise existencial. Então o velho busca abrigo em seu interior, procura os
seus, abraça o silêncio e procura habitar o reino da cama e o império do sono,
a fim de tentar ignorar essas condições de vida que lhe são adversas, e tentam
derrubá-lo em sua realidade terminal. Agora, pega a sua bengala e se deixa
pensar o pensamento, preocupado com o seu fim, sabendo que a cova o espera e
que a eternidade está perto de si. Eis pois que se lembra de Deus e sua fé
renasce, se anima outra vez e começa a ficar tranquilo perante os
acontecimentos indefinidos que surgem em seu entorno. Esse mundo de problemas e
tensões, pressões de todos os lados, riscos e perigos doentios e patológicos,
só têm sustentabilidade quando ele abraça sua fé em Deus e beija a vida com
otimismo e sua experiência de bem conviver com os contrários da existência.
Então o velho se tranquiliza.
21. Dificuldades e
distrações
A Vida do Idoso quase
sempre está entrelaçada por uma dialética existencial onde as diferenças
convivem com entusiasmos, os problemas se conciliam com soluções imediatas, as
doenças se aliam a uma saúde descartável, os conflitos são superados por
momentos de lazer e instantes de distração, seja ouvindo o repórter ou uma
música no rádio ou assistindo as novelas da televisão, ou até se conectando e
acessando a rede internet, como muitos velhinhos fazem hoje em dia, apesar de
seus limites psicológicos e físicos, das enfermidades que ora vêm e vão, das
fronteiras entre o bem-estar em casa com parentes e amigos e as dificuldades de
locomoção e de uma saúde abalada pelas moléstias da terceira idade
principalmente o sedentarismo, o alcoolismo, o tabagismo, o diabetes alterado e
o colesterol alto, a doença de Alzheimer e o Mal de Parkinson, distúrbios que
ocorrem na fase final de uma vida de aposentado ou pensionista do INSS,
transtornos que modificam para pior ou melhor a existência de um cidadão ou
cidadã em seu derradeiro período terminal. Apesar dos contrários, o velho se
distrai, busca alternativas de lazer dando um passeio na rua ou conversando com
colegas no meio da praça ou no lar no aconchego da família quando “curte” a TV
e seus programas preferidos de áudio. Assim a velhice parece uma verdadeira
dialética vivencial onde os opostos convivem para quem sabe qualificar a vida
do idoso ou melhorar sua situação de limites psico-sociais e suas fronteiras de
cabeça que procura sempre o que é bom e o que lhe faz bem, como toda pessoa
humana aspíra. Nesse processo dialético, a vida se faz e acontece, as pessoas
se encontram, as relações se produzem e a existência, graças a Deus, pode ser
vivida positivamente, com otimismo e equilíbrio, quando suas circunstâncias
cotidianas o permitem. Nessas horas, parece que Deus dá uma mão ao idoso e
torna sua vida aceitável por si e por quase todos os que o rodeiam. A Dialética
da vida nos faz bem. E o idoso agradece.
22. O Império da
Natureza
Diz o ditado popular: ”Deus
dá as condições, depois a gente faz”. De fato, quando a natureza não quer não
adianta insistir, ser teimoso, lutar contra as nossas condições naturais,
“forçar a barra”, pois o idoso já não pode fazer mais o que fazia antes. Então
vem a doença, ou o esgotamento mental toma conta do velho, ou a fadiga
espiritual e psicológica fazem e obrigam o velhinho a dormir, deitar e ir para
a cama, sem a possibilidade de trabalhar ou empenhar-se por alguma coisa, ou
medir esforços por quaisquer atividades. Ora, ele se entrega resignado à força
de sua natureza, que lhe impõe limites e lhe estabelece fronteiras que não pode
nem consegue ultrapassar. Aos poucos, reconhece seus limites e já não opera
como outrora. Deixa de fazer muitas coisas e ações. Pára de ir à rua. Limitado,
fica em casa, se tranca em sua interioridade, e faz silêncio sabendo que o
império da morte está por perto e o ameaça a cada instante. Então se entrega.
Cai em depressão. Fica triste e angustiado. Mas o que vai fazer ? Nada.
Respeita a sua natureza, que agora lhe impõe regras e normas. Faz silêncio. E
pede a Deus para ajudá-lo. Nos seus limites naturais, obedece à sua consciência
que o manda parar, e agora dorme para depois dormir de novo. E assim vai
levando sua velhice com a bengala na mão, sua companheira de todas as horas, à
beira da morte, sua parceira por toda a eternidade. Sim, a eternidade está
chegando...
23. Daqui a pouco, o
mergulho no eterno...
A Realidade da morte
acompanha o idoso desde o seu nascimento, mas agora sua possibilidade é mais
enérgica, vigorosa e preocupante, tornando a terceira idade um momento de
expectativa diante da fase final da vida temporal a partir de que se iniciará o
tempo eterno quando o velho viverá sua intensidade infinita no oceano da
eternidade, a casa de Deus e sua também para sempre. Então perante seus limites
naturais surge a fé da pessoa em idade terminal, que lhe dá forças e energias
para suportar as dificuldades do fim, manter viva sua existência agora
limitada, sustentar seus problemas finais e conflitos internos, pois está na
hora da morte e sua vida limitada parece não querer entender esse instante
derradeiro e sua quem sabe feliz entrada na eternidade. Eis que família,
parentes e amigos se reúnem e se juntam para consolá-lo, animá-lo nesse momento
e talvez ajudá-lo a viver com equilíbrio e otimismo esse término de sua
vivência histórica. E ora sua experiência diz que deve confiar em Deus e manter
a fé, sustentar seu processo final com a sensatez de uma experiência de vida
possivelmente vitoriosa ainda que as contradições da sociedade e as
adversidades do tempo tenham perturbado sua consciência e atrapalhado seu estar
bem consigo mesmo, com os outros e com Deus. Então ele vive o fim com um jeito
só seu, um modo de existir provavelmente equilibrado e talvez otimista se é de
verdade um homem de fé ou uma mulher espiritualizada. E tendo em vista seu
encontro com Deus deseja adormecer no Senhor, seu Fundamento desde agora e para
sempre. E quer morrer em paz.
24. O Começo do fim
Na Estrada da Vida, muitas
vezes o velho passa por um túnel onde conhece a noite sem estrelas de um
caminho de dificuldades sem conta, de problemas diversos e adversos, e
conflitos internos, quando se depara com os limites de sua natureza já cansada
e esgotada com o tempo, debilitada pelas doenças que chegam e as enfermidades
que vão embora, tentando nesse processo superar as contradições psicológicas e
espirituais de suas fronteiras mentais em que as experiências ensinam mais que
as teorias, as práticas cotidianas ultrapassam os conhecimentos obtidos até
aqui e suas ideologias, culturas diversas e mentalidades alternativas parecem
transcender um corpo fragilizado e enfraquecido pelas moléstias advindas, o que
torna o amigo da terceira idade um verdadeiro guerreiro já no fim de sua vida,
combatendo com sua fé em Deus o bom combate entre um corpo agora fraco e seus
sonhos de ainda crescer, somar, evoluir e se multiplicar na relação diária e
noturna com seus amigos, parentes e familiares, percorrendo assim o caminho da
vitória de quem faz da sua estrada um meio de ganhar a corrida contra o tempo,
limitado e ora esgotado, pois sua fase terminal indica que a morte está
rondando sua vida e a eternidade se transforma na opção mais fundamental para
sua existência, tornando seus passos e compassos em sintonia com um mundo de
surpresas e novidades que vêm por aí, por aqui e por ali. Deste modo o idoso
vive seu fim. Busca agora se preparar se possível para um derradeiro encontro
com o Senhor. Suas portas começam a se fechar bem como as janelas do tempo e da
história. Só lhe resta mergulhar no vazio, nadar no silêncio gritador do eterno
e navegar em direção ao além chocando-se com a eternidade de Deus. E assim o
velho vive seu limite. Sua natureza agora fraca se confronta com um universo de
muitas possibilidades e várias alternativas que se inicia com o monstro sagrado
da morte. Então, é eternidade.
25. Experiência,
uma Sabedoria para
sempre
A Vida da terceira
idade tem muito a nos ensinar pois a prática de vida do idoso é fonte de
sabedoria para os mais novos, caminho de virtudes elevadas para os que o
rodeiam, estrada de princípios e valores que nos orientam bem para o cotidiano,
via de construção de vivências saudáveis e agradáveis, já que o exemplo dos
mais velhos é base de uma experiência de boas caminhadas onde reinam idéias e
conhecimentos que nos fazem trilhar a rua da felicidade, ponte para uma
eternidade feliz já sobre a face da Terra. Assim a vida de trabalho, de
relacionamentos constantes com os seus, de ações elevadas e de atitudes de
qualidade fazem do velhinho um arquivo secreto de boas virtudes, de princípios
morais e espirituais excelentes, de valores sociais e familiares construtores
de um caminho de virtualidades, de bons comportamentos onde o bem que se faz e
a paz que se vive são condição de liberdade, raiz da verdadeira felicidade.
Sim, porque o idoso e suas raizes condicionam experiências de saúde mental e
física e de bem-estar material e espiritual. Deste modo o velho com os seus já
na fase terminal de sua realidade viva vive sim o paraiso sobre a Terra,
estrada que o levará para a bênção de Deus na eternidade. Eis uma estrada de
felicidade que o velho adquiriu com o tempo e que agora transmite às novas
gerações, ajudando-as a percorrer o caminho das boas vivências e de ótimas
realizações pessoais e interpessoais. De fato, o velho e suas relações vivem o
céu cá no meio de nós. Pronto para uma eternidade feliz ainda que o mal e a
violência, as doenças e seus limites naturais possam o circular durante o final
de sua trajetória terrestre. E se ele tem fé, então Deus será o seu bem maior,
condição de um fim tranquilo, seguro e estável junto aos seus familiares,
parentes e amigos.
26. Limitações
O Idoso ou Idosa
experimenta já nessa sua fase terminal grande número de limitações naturais e
físicas, biológicas e psicológicas, sociais e espirituais, revelando seu estado
de finitude temporal a partir do qual mergulhará no tempo infinito de espaços
eternos, quando se encontrará definitivamente com o Autor da Vida, seu Deus e
Senhor, conhecido através de sua fé religiosa, seus princípios éticos e morais,
e valores da consciência, seguindo fielmente essa diretriz de sua crença em
Alguém Superior, segurança de sua vida cotidiana, tranqüilidade de sua alma
espiritual e estabilidade de sua realidade financeira, depois de tantos anos de
trabalho, de realização de desejos, anseios e aspirações, e satisfação de suas
necessidades materiais, do corpo e da mente e do espírito. Assim após uma longa
jornada de atividades na sociedade, na família e na rua, eis que agora é hora
do repouso, descansar de suas labutas e lutas do dia a dia, acalmar seu físico
e tranqüilizar sua inteligência, e quem sabe agora dormir mais um pouco, refletir
sobre a vida passada, presente e futura, meditar sobre sua casa e seus afazeres
de então, enfim preparar-se para o sono final quando se defrontará com a
realidade da morte do tempo, finalizando sua história na Terra e preparando-se
para navegar na rede eterna, na teia infinita que é a eternidade. Assim
constrói seu futuro eterno. Mantém a esperança de um amanhã maior e melhor
junto ao Criador e seus parentes, amigos e familiares que já invadiram o Reino
Eterno, morada dos justos e habitação daqueles e daquelas que vivem uma vida
direita, de bondade e alegria, de equilíbrio e otimismo, como o fez durante sua
escalada de ações e construções de trabalhos e atividades pela vida que
procurou viver certamente com o bom-senso da razão e o juízo da cabeça. Luta
agora contra as doenças do fim da vida, os distúrbios da mente e os transtornos
de sua organismo vital. Deste modo processa sua finalidade no tempo e na
história. Sonha agora com uma eternidade feliz junto aos seus. Se liga mais a
Deus. Adora mais o Senhor da Vida. E com sua fé produz seu comportamento
tranqüilo e seguro diante de Deus e perante todos. Vive assim seu momento
final. Busca uma velhice sensata. Quer ser um velho feliz.
27. Ainda forças para
transcender
Perante as dificuldades
do dia a dia, as limitações das enfermidades físicas e transmateriais ora o
diabetes ou turbulências mentais ou de consciência como o AVC, o Mal de Parkson
e Glicose alta, ou o colestorol elevado, ora a pressão arterial alterada e o
sal subindo sem parar, ora a temperatura corporal baixa e o açúcar acima da
média, ou abaixo quem sabe definindo um quadro negro de hipoglicemia, além de
problemas de psicologia comportamental como imbróglios de relacionamento ou
dificuldades relacionais e condicionais, situacionais e circunstanciais,
questões de momento ou interrogações de todo instante, intolerância familiar e
desentendimento social e incompreensão dentro e fora de casa, enfim, todo esse
aparente conteúdo escuro e repertório de trevas externas e internas, brigas com
parentes ou discussões com vizinhos, limites psicossociais e familiares, e
fronteiras espirituais, revelam a nós um estado de coisas cujo comportamento se
vê instável e de ações individualistas e provisórias e mesmo atitudes
transitórias, toda uma batalha pela sua estabilidade moral e psicológica,
constância de caráter e permanência de uma personalidade duradoura, forte e
firme, sustentável e grande, bela e segura, tranquila e gigante, isso é óbvio
quando e enquanto ainda mantém sua consciência e sensatez, entendendo as
possibilidades da sua natureza, as alternativas de ação solidária ou não e as
viabilidades psíquicas cuja ética é voltada para a sua saúde mental e bem-estar
físico ora fraca e débil, consciente que procura ser e estar diante das
novidades do dia a dia, surpresas do cotidiano e novas descobertas agora e aqui
diferentes e até contrárias ao seu ego tradicinal, hábitos diários e costumes
diurnos e noturnos, na sua experiência terminal de conhecimentos limitados e
sentimentos mesmo vivos e reais. Contudo, procura superar-se e ultrapassar
limitações, vencer a sua natureza e seus obstáculos mentais e barreiras
emocionais, definindo-lhe uma situação social e familiar cujas circunstâncias positivas
ou negativas requerem e exigem do idoso ou idosa determinação da sua vontade de
acertar e poder escolher o que para ele ou ela é certo e correto, lhes fazem
bem e é bom para si e os outros. Compreendida essa realidade combate então o
bom combate entre a sua vontade de transcender, vencer e construir, contra sua
própria natureza que lhe é diversa e adversa, diferente e contrária, e cujas
condições naturais e culturais ora então de vida cognitiva e experiencial deseja
definir quem ele ou ela é e seus destinos temporais e sua objetividade eterna,
e outrossim o seu objetivo e subjetivo programa de vida e projetos de terceira idade
ou melhor tempo de viver, e existir com qualidade e bom conteúdo de psicologia
e espiritualidade na sociedade e em sua família. Assim é o cidadão ou cidadã da
terceira idade, uma pessoa que luta contra sua própria natureza e cultura
terminal a fim de subsistir e vencer problemas de relação surgidos, dificuldades
nos afazeres e conflitos com a família ou parentes, ou divergência alguma com amigos
e conhecidos ou discórdia familiar e social. Nessa jornada processual de início
e fim e de imbróglios de atividades conflitantes, eis o seu dia a dia e seu
objetivo final neste tempo de velho ou velha e seu destino eterno de superar
tudo e a todos e enfim superar-se a si mesmo.
28. Vencer a Natureza,
a sua guerra final
Guerreiro e em luta
contra si mesmo e combatendo sua natureza que lhe é adversa, diferente agora e
contrária nesta hora terminal, o idoso ou o jovem limitado à terceira idade,
cidadão ou cidadã da melhor temporalidade de vida e cujo comportamento ora
então convive pois com uma historicidade aqui e lá adversa, que lhe joga tudo
em contradição, ora em forma de moléstias, doenças e enfermidades na sua
longevidade ainda muito viva e outrossim bastante real, ora em torno de
limitações variadas cujas fronteiras principais são sua condição natural ora
falha e dificultosa, problemática e conflitante, seu caráter inseguro e
personalidade inconstante, além de problemas mentais como a Doença de Alzheimer
tal sua situação no final da vida temporal, circunstâncias limitantes e
limitadoras de suas atitudes onde a natureza busca contrariar suas ações
pessoais o que o faz chocar-se com seu grupo familiar ou de dia e noite, no
trabalho ou na rua, isso se ainda é mesmo consciente e capaz de superar e
superar-se a si próprio diante de uma
condição de realidade e fundamento de vida onde a natureza não coopera nem
colabora com sua boa intencionalidade ou seus interesses em jogo, o jogo da
vida.
ANEXO I
A Poética dos Velhos
segundo os Amigos da Vida
Cansado mas não
quebrado, fadigado todavia não estragado, esgotado porém não morto nem destruído,
assim o velho homem vive como os pássaros azuis que beijam suas rosas vermelhas
nas tardes de primavera ou manhã de verão, como perfumes suaves e macios, doces
e leves que banham homens trabalhadores de coragem e mulheresbonitas cuja
beleza é sua interioridade misturada com sua sexualidade romântica, amorosa e
apaixonada, ou como cantos do sol que fazem ressurgir a vida outravez a cada
manhã que se gera, ou como músicas de passarinhos entoando canções invernais
que alegram o frio e não propagam nem dilatam o gelo, ou como crianças que
sorriem para a sociedade brincando de bom-humor e otimismo real e vivo na alegria
de suas brincadeiras boas e sonhadoras que fazem bem a todos e cada um, ou
mesmo fazendo o silêncio constante das montanhas em meio à sua disciplina
consubstanciada e reafirmada pela sabedoria do tempo e a felicidade da experiência
acumulada, um modo ordeiro de viver o cotidiano e quase organizado de contemplar
o dia a dia embora as nebulosas escuridões do dia sem sol e das madrugadas sem
estrelas e das noites sem lua pareçam esculhambar seu dia e noite, ou
escarnecer de sua positividade quando muitos nesta hora e então perto dali e de
si apelam ao negativismo de plantão ou ao pessimismo de ora e outra como obscuridades
de diuturnos momentos que não levam a nada ou a instantes sem as sábias
circunstâncias e bom conteúdo de qualidade e repertórios de excelência que
fazem bem a cada um. Assim a poesia nos ajuda a entender a terceira idade que
mesmo na travessia da estrada do bem e do mal sabe sabiamente seguir sua natureza
e assim abraçar a bondade de seus gestos e beijar a felicidade de fazer o bem a
cada hora, minuto e segundo deste mundo, Planeta-Velho e universo denominado a
Sabedoria dos Tempos, preferir assim as boas coisas da vida e de sua velhice e
priorizar o que é bom para todos e cada qual. Nessas condições sócio-familiares
e psico-espirituais, e igualmente humanas e naturais, o velho ainda pode
afirmar no seu travesseiro à noite antes de dormir: “Obrigado, Senhor”.
ANEXO II
O Mal de Alzheimer e a
Doença de Parkson, crises terminais que afetam a terceira idade
Demências ou não,
loucuras até pode ser, mas o fato de a terceira idade lidar com doenças
terminais, enfermidades no fim da vida temporal, moléstias de quaisquer
espécies doentias e modelos enfermos, mostra-nos e nos faz refletir sobre a
natureza humana e a condição natural e social, e familiar e de ser velho e a
viabilidade do idoso encarar limites variados, fronteiras diversas e limitações
de todo paradigma, uma prova de que a vida mesmo assim é boa pois nos oferece
nesses momentos terminais a chance única e a oportunidade certa para nos
preparar para a morte histórica e a finalidade de nossa temporalidade neste
mundo de historicidades cotidianas onde o velho se depara agora com críticas e
dialéticas, adversidades e os contrários de um fim talvez maior que si mesmo e
além de si próprio, quem sabe algo que Deus lhe reservou para mais uma vitória,
os ganhos de uma natureza que vence a si mesma desde que o idoso opte pelo bem
e escolha a bondade como alternativa de atividade nesse seu fim temporal
preparando assim a sua eternidade que para quem soube viver bem a vida, o
trabalho, a família e o cotidiano, a rua e as avenidas da vida, certamente será
mais um ganho na sua temporalidade otimista e alegre, uma vitória na sua
historicidade que se quer ora então mais do que nunca mais sensata e
equilibrada ainda que enfrente o Alzheimer ou o Parkson, doenças terminais que
paradoxalmente querem lhe demonstrar como Deus igualmente é bom com os velhos e
velhas e os ajuda a vencer esta última etapa da vida, fase final de toda uma
vida de vitórias de sua experiência de bem viver e viver com qualidade,
excelência e bom conteúdo existencial. Nessa hora, Deus lhe é favorável. Ele, o
Senhor, é seu Amigão, o Amigo dos amigos.
ANEXO III
Tempo de Fronteiras e
Instantes de Limitações
Em meio ao cansaço
físico e ao esgotamento mental e à fadiga emocional, uma psicologia positiva
onde quem manda é a sabedoria do tempo e a experiência feliz de uma grande
jornada de vida presentemente passada e que aponta e mexe com um amanhã de
manhã mais feliz ainda, mesmo que seu aqui e agora tenha vivido e ultrapassado
imbróglios sociais e turbulências famiiares, transcendido limitações
psicológicas e fronteiras espirituais, superado problemas, conflitos e
dificuldades naturais e humanas ou não, irreais e imaginárias, irracionais e
inconscientes, dentro e fora de casa, na rua e nas atividades cotidianas, enfim,
essa realidade mostra e reflete a natureza do idoso e sua capacidade de ainda
abraçar o que é bom para ele e os seus e deixar de beijar a ignorância de
parentes ou colegas de plantão que em nome da violência e de atitudes
agressivas o criticam e dialetizam sua fase melhor e maior possibilidade de
conhecer e compreender as coisas, sentir e ter sentimentos amorosos sim e
comportamentos que lhe fazem bem a si e aos outros. De certo modo, uma maneira
sensata e otimista, alegre e equilibrada de ficar bem com Deus e sua consciência
e experimentar de modo quase pleno seu jeito de conseguir liberdade em meio à
confusão no entorno e complicações ao lado. Desse modo, o velho vive feliz apesar
dos contrários da vida e da família, das adversidades de amigos e conhecidos, e
das crises românticas ou não com colegas de plantão ou mesmo mulheres
ancestrais de passado remoto dos tempos em que outrora sua juventude ditava
suas regras de conduta e normas de ação. Nesse tempo limitado, ele agradece a
Deus por mais uma vitória.
ANEXO IV
Em busca da Segurança
Psicossocial e Familiar
ANEXO V
Diante dos Limites, a
Vitória da Experiência
ANEXO VI
Perante o Bem e o Mal,
a escolha do que é bom e nos faz bem
Nenhum comentário:
Postar um comentário